X

Digite sua busca e aperte enter

TV Brasil homenageia Ferreira Gullar com maratona de série dirigida por Silvio Tendler

  • 05/12/2016 18h15
  • Gecom

Inspirada no "Poema Sujo", produção documental "Há muitas noites na noite" recorda trajetória do poeta no exílio


Em tributo ao escritor Ferreira Gullar, que faleceu no último domingo, 4 de dezembro, a TV Brasil reapresenta nesta quarta (7) e quinta-feira (8), às 22h, a série documental Há Muitas Noites na Noite. A produção recria a saga do poeta no exílio durante os anos da ditadura militar no país.
 
Com direção do cineasta Silvio Tendler, o programa é inspirado no "Poema Sujo" (1976), a mais ousada e polêmica obra do jornalista, crítico e dramaturgo maranhense, imortal da Academia Brasileira de Letras.
 
Em sete episódios, a atração traça um panorama sobre o período em que Gullar viveu longe do país por meio dos depoimentos de artistas, amigos e intelectuais. 
 
A série mescla animações, músicas, leituras, documentos e ilustrações. Para lutar contra o regime militar, o autor possuía como armas apenas caneta e ideias materializadas como poema e literatura.
 
A TV Brasil exibe os quatro primeiros episódios de Há Muitas Noites na Noite nesta quarta-feira (7) e os três últimos na quinta (8), sempre às 22h. 

 

No primeiro episódio da série: João das Neves, Agildo Ribeiro e Ferreira Gullar


 
A série Há Muitas Noites na Noite 

Organizada em sete episódios, a série documental Há Muitas Noites na Noite registra a trajetória pessoal e política de Ferreira Gullar, desde 1964, quando ele integrou o Centro Popular de Cultura da UNE, passando pelas resistências artísticas no Brasil, com o Grupo Opinião e o Teatro de Arena, atéseu exílio na Rússia e em alguns países da América Latina. Ainda recorda todas as dificuldades e tristezas decorrentes da distância da família e amigos.

Em 1975, durante o exílio em Buenos Aires, longe da mulher e dos filhos que haviam retornado paracasa, Gullar resolve escrever o que considerava ser sua última obra. “Poema Sujo” foi trazido por Vinícius de Moraes numa fita, transformado em manifesto e publicado em 1976, numa noite de autógrafos sem a presença do autor. A série da TV Brasil se encerra no ano de 1978, quando FerreiraGullar volta ao país e é interrogado e torturado pelo DOPS, um dia após o seu desembarque no Rio de Janeiro.

Há Muitas Noites na Noite conta com a participação de vários intelectuais, artistas e amigos que utilizavam a arte para transmitir suas ideias políticas, através de depoimentos, leitura de trechos do poema, ou mesmo cantando.
 
Estão presentes nomes como Agildo Ribeiro, Sérgio Cabral, Zelito Viana e Vera de Paula, Maria Bethânia, João das Neves, Raimundo Fagner, Eduardo Galeano, Eric Nepomuceno, Alcione, Amir Haddad, Eduardo Tornaghi, Elisa Lucinda, Sergio Britto, Edu Lobo, Cecília Boal, Pedro Luis, Zeca Baleiro, Antonio Carlos Secchin, Cacá Diegues, Cecil Thiré, Ziraldo, Zuenir Ventura, entre outros.
 
O projeto da série teve início em 2010, antes mesmo de Silvio Tendler estrear a videoinstalação homônima.


Reconhecimento
 
Considerado um dos fundadores do neoconcretismo, Ferreira Gullar, cujo nome de batismo era José de Ribamar Ferreira, teve uma trajetória de opiniões fortes e em defesa da arte. O escritor faleceu aos 86 anos de complicações pulmonares em um hospital da Zona Sul do Rio de Janeiro onde estava internado desde o mês de novembro.
 
Artista múltiplo, o poeta construiu uma carreira sólida ao longo de seis décadas dedicadas à cultura. O mais recente livro de sua vasta produção literária foi "Autobiografia poética e outros textos", lançado ano passado.
 
A obra mais conhecida de Gullar é o "Poema Sujo", texto que chegou ao Brasil contrabandeado pelo poetinha Vinícius de Moraes. Exilado em Buenos Aires, o autor gravou em uma fita cassete sua leitura da poesia que acabou lançada no país sem a sua presença.
 
Indicado ao Prêmio Nobel de Literatura em 2002, Ferreira Gullar ganhou seu primeiro Prêmio Jabuti em 2007 com a coletânea de crônicas "Resmungos" na categoria melhor livro de ficção do ano.

Em 2010, ele conquistou o Prêmio Camões, o mais importante reconhecimento literário da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, pelo conjunto de sua obra. No mesmo ano, Gullar foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Letras da UFRJ. Já em 2011, recebeu o Prêmio Jabuti com o livro de poesia "Em alguma parte alguma".
 
O escritor foi eleito em outubro de 2014 para a cadeira número 37 da ABL, posto que era de Ivan Junqueira e Gullar assumiu em dezembro. Durante dois anos, ele ocupou a vaga que já foi de grandes nomes da história brasileira.
 
O primeiro deles foi o poeta José Júlio da Silva Ramos, um dos fundadores da entidade, que escolheu como patrono de sua cadeira o português Tomás Antônio Gonzaga. Também ocuparam a cadeira número 37 personalidades como Alcântara Machado, Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand e João Cabral de Melo Neto.
 

Relação de episódios
 
Primeiro: "O Poeta: da resistência cultural à Moscou", quarta (7), às 22h
Segundo: "Um Poeta entre Marx e a Kalashnikov", quarta (7), às 22h30
Terceiro: "De volta à América do Sul", quarta (7), às 23h
Quarto: "Poema Sujo - Parte 1", quarta (7), às 23h30
Quinto: "Poema Sujo - Parte 2", quinta (8), às 22h
Sexto: "Poema Sujo - Parte 3", quinta (8), às 22h30
Sétimo: "De volta para casaou 'do Luna Parque ao Luna Bar'", quinta (8), às 23h

Ficha técnica de “Há muitas noites na noite”

Diretor: Silvio Tendler
Produtora-Executiva: Ana Rosa Tendler
Diretor Assistente: Luis Carlos Alencar e Vladimir Seixas
Produtor: Maycon Almeida
Assistente de Direção: Aline De Luna, Fabiana Fersasi e Juliana Aragão
Direção de Fotografia: Lúcio Kodato
Edição: Gustavo Veiga e Ricardo Moreira
Direção de Arte e Videografismo: Renato Vilaroca e Rico Vilaroca
Ilustração: João Pinheiro, Maria Amaral, Metom e Vanessa Rosa


Serviço

Há muitas noites na noite
Série em sete episódios de 26 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Quarta-feira, 7 de dezembro, às 22h, na TV Brasil (quatro episódios)
Quinta-feira, 8 de dezembro, às 22h, na TV Brasil (três episódios)