Paraenses cobram políticas de parceria e troca de conteúdos com a EBC

No último dia 14/9, foi realizada em Marabá (PA) a primeira Audiência Pública do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na região Norte do país. Foi também a primeira atividade do gênero organizada pelo Conselho fora de uma capital. Os participantes destacaram a importância de a EBC e a comunicação pública em geral se fazerem mais presentes na região, afirmando ainda a expectativa local por parcerias, troca de conteúdos, assessoria técnica e formação quanto à temática da comunicação pública.

A audiência, que teve como tema “A Rádio Nacional da Amazônia e a comunicação pública na região Norte”, foi realizada na Câmara Municipal de Marabá. Devido ao período eleitoral, a atividade acabou não contando com a participação dos vereadores, mas cumpriu com o objetivo de ouvir a população da região sobre a comunicação pública e, mais especificamente, receber críticas e sugestões sobre a Rádio.

O encontro contou com a participação de ouvintes da Rádio Nacional da Amazônia, de representantes de rádios comunitárias, movimentos sociais, das universidades Estadual do Pará (UEPA) e Federal do Pará (UFPA) e também do poder Executivo local. Coube à Beth Begonha, apresentadora do programa "Amazônia Brasileira" na Rádio Nacional da Amazônia, o papel de mestre de cerimônias do encontro.

A presidenta do Conselho Curador da EBC, Ana Luiza Fleck Saibro, esteve presente, ao lado de mais três conselheiros: o representante dos funcionários da Empresa, Guilherme Strozi, o jornalista Paulo Derengoski e a professora da UFPA, Ima Vieira.

Pela EBC, estiveram presentes o diretor-presidente, Nelson Breve, o diretor-geral, Eduardo Castro, o assessor da Presidência Ricardo Lima, além do gerente das Rádios da Amazônia, Bráulio Ribeiro, e da coordenadora da Rádio Nacional da Amazônia, Luciana Couto. A ouvidora da EBC, Regina Lima, também participou, acompanhada de Cleide Tavares, assessora da Ouvidoria.

A transcrição dos debates da audiência, que contou com cerca de 45 pessoas, já se encontra disponível no site do Conselho. Já o áudio da atividade, que durou três horas, pode ser solicitado pelo e-mail conselho.curador@ebc.com.br.

Distâncias
As longas distâncias entre os municípios da região dificultaram uma presença maior dos ouvintes da rádio na audiência, que acabou sendo divulgada com somente cerca de dez dias de antecedência. O representante da rádio comunitária Fundalivre, Antônio Marcos, foi um dos participantes que veio de outros municípios a fim de participar da atividade.

Antônio Marcos viajou por cerca de 20h, da cidade paraense de Uruará, para se manifestar durante a audiência pública em Marabá. Ele ressaltou a importância de uma política de parcerias entre a EBC e as rádios comunitárias no Estado.

O radiodifusor comunitário também fez considerações ao retrógrado marco regulatório das comunicações brasileiro, datado de 1962, e lembrou que países como a Argentina acabaram de fazer revisão nas suas leis dando mais espaços para a radiodifusão pública e comunitária.

Parcerias
A atenção em relação às parcerias também esteve presente na fala dos representantes da UFPA. A universidade, segundo o professor Fernando Michelotti, acaba de receber uma concessão de rádio educativa, que deve entrar em funcionamento em breve. Contudo, preocupa os professores a falta de estrutura e até mesmo de mão de obra para a rádio, visto que nenhuma universidade em Marabá conta com cursos de comunicação social. Nesse sentido, o diálogo com a EBC poderia ser valioso para o desenvolvimento da nova emissora.

A preocupação dos representantes das universidades foi também com a falta de veiculação da produção feita pela região. Segundo relatou o professor Evandro Medeiros, também da UFPA, Marabá é vista apenas pelos olhos de dois grandes jornais locais. Para Medeiros, a versão, por exemplo, que os movimentos sociais têm dos fatos, visto que Marabá é uma cidade de muitos conflitos agrários, na maioria das vezes não é apresentada - e quando registrada, é deturpada.

Eldenilson Monteiro, o “Pipoca”, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também destacou em sua participação a perspectiva de que se estabeleçam parcerias com a EBC para a troca de conteúdos.

Segundo Eldenilson, a região vem produzindo curtas, documentários e outras realizações audiovisuais sobre várias questões que envolvem o cotidiano da região, desde a violência no campo aos programas sociais. O MST fez o convite ao presidente Nelson Breve para que a EBC participe, junto com os meios de educação formal, do projeto de erradicação do analfabetismo nos assentamentos do Pará.

O presidente da EBC mostrou-se interessado com a perspectiva de uma possível parceria, deixando à disposição dos representantes locais o contato da assessoria da Presidência da EBC.

As questões relacionadas ao sinal da Rádio Nacional da Amazônia, que por funcionar em Ondas Curtas não é captada por todos os aparelhos de rádios, e a falta de sinal da TV Brasil na região (onde só pode ser assistida via parabólica ou internet) também foram temas recorrentes na audiência.

A presidenta da Fundação Paraense de Radiofusão (Funtelpa), Adelaide Oliveira, argumentou que a fundação já entrou com um pedido no Ministério das Comunicações por uma geradora de sinal de TV em Marabá. Segundo Adelaide, com o atendimento desse pedido, será possível a Funtelpa passar a retransmitir parte da programação da TV Brasil, como acontece em Belém.

Durante a audiência, o diretor-geral da EBC, Eduardo Castro, reafirmou seu compromisso em buscar, em conjunto com a Funtelpa, essa concessão em Marabá junto ao ministério.

Confira aqui a galeria de fotos da Audiência Pública do Conselho Curador da EBC em Marabá

Fonte: Secretaria Executiva do Conselho Curador